Comportamento alimentar de atletas e praticantes de exercício

A questão da forma física e do peso é muito valorizada no desempenho desportivo e somado a isso, as pessoas buscam a prática de exercícios para se enquadrarem nos modelos de beleza difundidos pela sociedade ocidental. A cultura da magreza para as mulheres e a dos músculos para o homem, como forma ideal é acompanhada por insatisfação com o corpo e avaliação negativa da aparência. Portanto, atletas e desportistas constituem população de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares (anorexia e bulimia) e transtorno dismórfico (avaliação errada da forma física), pois dependem do físico e da composição corporal para o melhor desempenho no desporto.

Os estudos da área de psicologia mostram que a aparência é factor inevitável para a construção da identidade e que a magreza é associada ao sucesso, competência e sensualidade. Dohnt e Tiggemann (2006) analisaram o comportamento de crianças e detectou que aos 6 anos de idade, as meninas já desejam o ideal da magreza, o que reforça a teoria da pressão exercida pelos média e pela família. Isso, ligado ao medo da rejeição e da perda de afeto, moldaria comportamento de risco nutricional (restrição de alimentos, jejum e uso de laxantes, principalmente). Bailarina, corredoras fundistas e ginastas são exemplos clássicos para o desenvolvimento de comportamento alimentar de risco e entre os atletas masculinos, o uso indiscriminado de suplementação à base de proteínas pode ser sinal de descontentamento com a forma física. Assim, há necessidade de implementação de vigilância nutricional criteriosa em ambiente esportivo, mesmo nas academias.

É comum, os trabalhos que não detectam a presença de transtornos alimentares na população desportiva apontarem a preocupação excessiva com o corpo e a insatisfação com ele. Portanto, o acompanhamento nutricional é extremamente importante para os atletas e praticantes de exercício, pois ele é aliado na manutenção do estado nutricional saudável. O nutricionista pode prever as situações de risco e sugerir encaminhamentos dos atletas para avaliações psicológicas antes que o comportamento alimentar de risco seja convertido em transtorno alimentar, o que é muito positivo. Ainda é relativamente comum, atletas (principalmente em início de carreira) realizarem dietas sem supervisão profissional.

A prática de exercício deve ser realizada tendo como base a dieta adequada em calorias e nutrientes, com todos os grupos alimentares incluídos e algumas restrições, tais como a ingestão excessiva de sódio, de gorduras saturadas, de gorduras trans e açúcares simples. O cálculo da necessidade calórica determinada a partir do peso da massa magra do indivíduo (somado ao gasto calórico do exercício) é o método mais confiável na prática clínica com atletas e praticantes de exercício.

A sociedade contemporânea está alicerçada no hedonismo e imediatismo, ou seja, a busca do prazer e realização dos desejos de forma rápida e a qualquer custo. Em termos de saúde, tal atitude pode ser muito danosa. É dentro desse contexto que o nutricionista deve pensar em intervir para a prevenção do comportamento alimentar de risco, identificando as práticas de restrição alimentar infundadas e justificadas para o alcance da forma física ideal proposta por pressões da sociedade ocidental, esta nem sempre “ideal”.

Fonte:  ANutricionista.Com – Perla Menezes Pereira

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